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Mentalidade

Transtorno do Jogo (Gambling): O que é e como afeta a vida das pessoas

Você já se perguntou se o seu hábito de jogar está fugindo do controle?
Já sentiu uma forte necessidade de apostar cada vez mais ou escondeu o quanto gastou em jogos de familiares e amigos?
Se a resposta for "sim", é possível que você esteja lidando com o transtorno do jogo, também conhecido como vício em jogos de azar.

Vamos explorar mais sobre esse transtorno e entender como ele pode afetar a vida das pessoas.
Leia abaixo:

Pessoa com o cartão na mão e o celular na outra. Perdendo dinheiro no jogo

A Falácia do Jogador: A Ilusão do Controle

Imagine que você está jogando uma moeda e, nas últimas três vezes, ela caiu com o lado “cara” para cima. Qual seria a probabilidade de, na próxima jogada, dar “coroa”?

Embora a resposta correta seja 50%, muitas pessoas acreditam que, após uma sequência de resultados, o contrário deve acontecer. Isso é o que chamamos de falácia do jogador – a crença de que o universo irá “compensar” uma sequência de resultados, quando, na verdade, cada jogada é independente da anterior.

Esse tipo de pensamento é comum entre jogadores e alimenta a ideia errada de que, de alguma forma, o jogador tem controle sobre o que é, na realidade, um jogo de sorte.

Vício x Gostar Muito: Qual a Diferença?

Muitas pessoas confundem gostar muito de algo com ser viciado. Um exemplo simples é alguém que gosta de jogar futebol todo fim de semana. Isso não caracteriza um vício, pois a pessoa ainda obtém prazer da atividade. Já no vício, o prazer que existia no início desaparece, dando lugar ao sofrimento, e a pessoa não consegue mais parar, mesmo quando sabe que está prejudicando sua vida.

No caso do vício em jogos, a pessoa continua jogando, mesmo ciente de que está perdendo dinheiro, prejudicando seus relacionamentos e colocando sua saúde mental em risco. O controle sobre a atividade desaparece, e o sofrimento se torna parte do processo.

O Desenvolvimento da Dependência

O vício em jogos segue um padrão de evolução que começa com uma escolha aparentemente inocente:

    • Fase de Escolha (Ato de Liberdade): A pessoa começa a jogar por curiosidade ou diversão.
    • Fase de Habituação: Com o tempo, o jogo passa a fazer parte da rotina.
    • Fase de Necessidade: O jogo se torna essencial para o bem-estar emocional, e a ausência dele gera desconforto.
    • Persistência: Mesmo com consequências negativas graves, como a perda de dinheiro ou problemas familiares, a pessoa continua jogando, sacrificando aspectos importantes da vida.

O Jogador Patológico

Diferente dos jogadores casuais, que jogam sem grandes prejuízos, o jogador patológico chega a perder mais da metade de seu salário com apostas. Ele não joga mais por prazer – esse foi apenas a porta de entrada. Agora, o jogo é uma compulsão, uma necessidade que a pessoa não consegue controlar, apesar de estar consciente de todo o mal que causa a si mesma e àqueles ao seu redor.

A Ilusão do Controle e os Vieses Cognitivos

Os jogos de azar são projetados para enganar o cérebro, utilizando estratégias como:

    1. Ilusão de controle: O jogador acredita que pode influenciar o resultado ao escolher números ou apertar botões.
    2. Quase vitórias: Mesmo que perca, a sensação de ter chegado perto reforça a ideia de que a sorte está do seu lado.
    3. Viés de recência: Vitórias são destacadas por luzes e sons, tornando-as mais memoráveis do que as derrotas.
    4. Viés de confirmação: Apenas um vencedor ocasional é exibido e comemorado, criando a falsa percepção de que vencer é comum.

Esses mecanismos mantêm o jogador preso ao ciclo de apostas, alimentando o comportamento viciante.

Quem Está em Risco?

Diversos fatores podem aumentar a vulnerabilidade ao transtorno do jogo:

A maioria dos viciados são homens (88%), muitos casados (50,7%).
Baixa condição socioeconômica, desemprego e solidão são fatores de risco significativos.
Muitas vezes, o transtorno do jogo está associado a outras condições, como ansiedade, depressão e transtornos de humor.

O perfil dos jogadores também varia: homens, em geral, jogam para testar sua força e competitividade, enquanto mulheres tendem a jogar para aliviar o estresse.

Os Sintomas do Transtorno do Jogo

Entre os principais sintomas do transtorno do jogo estão:

    • Impulsividade e compulsividade.
    • Distorções cognitivas, como a ilusão de controle.
    • Sensibilidade exacerbada a recompensas e punições.
    • Busca por alívio de sensações desconfortantes.

Se esses comportamentos persistirem por mais de seis meses, o diagnóstico pode ser confirmado de acordo com o CID-11 (Classificação Internacional de Doenças).

Como a Terapia de Reintegração Implícita Pode Ajudar

Na Terapia de Reintegração Implícita, entendemos que os pensamentos e comportamentos viciantes são respostas ao sofrimento, e não a causa dele.

A Terapia aborda o processo evitativo que leva à compulsão, ajudando o indivíduo a enfrentar a verdadeira origem do problema, em vez de apenas lidar com os sintomas, de forma rápida, eficaz e duradoura.

Carol Belardes

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